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Jessie J fala sobre câncer de mama e Dr. Igor Morbeck esclarece os principais mitos

Durante sua apresentação no festival The Town, em 13 de setembro de 2025, a cantora britânica Jessie J emocionou milhares de pessoas ao falar sobre o tratamento contra o câncer de mama, diagnosticado precocemente em março. Em um momento de grande sensibilidade, ela compartilhou um recado de acolhimento e esperança:

“Se alguém aqui está fazendo tratamento para câncer, ou conhece alguém que esteja, eu quero te abraçar bem apertado e dar todo o amor e luz que eu senti nesses últimos meses, que as pessoas me deram”.

A artista, que deve passar por um novo procedimento em breve, mostrou como figuras públicas podem contribuir para quebrar o estigma em torno do câncer. Ao falar abertamente sobre a doença, Jessie J ajuda a ampliar a consciência de que informação, diagnóstico precoce e tratamento adequado fazem diferença real na vida dos pacientes.

Para aprofundar esse debate, a revista Veja Saúde convidou o oncologista clínico Dr. Igor Morbeck, da @oncoclinicas, que destacou os principais mitos que ainda circulam sobre o câncer e que precisam ser desmistificados.

Câncer não é sempre uma sentença de morte

Por muitos anos, a palavra “câncer” foi associada automaticamente a um desfecho trágico. Hoje, essa visão já não corresponde à realidade. Graças ao avanço no entendimento da biologia das células tumorais e ao desenvolvimento de novas terapias, muitos tipos de câncer são potencialmente curáveis, sobretudo quando descobertos em fases iniciais.

Segundo o Dr. Igor Morbeck, é fundamental reforçar essa informação: o diagnóstico precoce pode salvar vidas. A realização de exames de rotina e a atenção a sinais do corpo são ferramentas poderosas na luta contra a doença.

Não existem alimentos ou fórmulas milagrosas

Outro mito bastante comum é acreditar que determinados alimentos, sucos ou dietas possam curar o câncer. Embora a alimentação equilibrada seja essencial para a saúde geral e até para reduzir o risco de desenvolver alguns tipos de tumor, não existe nenhum alimento capaz de impedir ou reverter a doença sozinho.

O que a ciência comprova é que hábitos saudáveis — como manter uma dieta rica em frutas, verduras, cereais integrais, evitar excesso de ultraprocessados, praticar atividade física e não fumar — contribuem para diminuir o risco de câncer e outras doenças crônicas. Mas isso nunca substitui o acompanhamento médico especializado.

O câncer não é contagioso

Ainda hoje, algumas pessoas acreditam que é possível “pegar” câncer de outra pessoa. Essa ideia não tem fundamento científico. O câncer não é uma doença transmissível. Ele surge a partir de alterações no DNA das células, que passam a se multiplicar de forma descontrolada, rompendo os mecanismos de defesa naturais do organismo.

Esse esclarecimento é importante para reduzir o estigma em torno dos pacientes. Pessoas em tratamento precisam de apoio, carinho e presença, e não de afastamento por medo ou preconceito.

A maioria dos casos não é hereditária

Existe também a crença de que o câncer é sempre herdado de pai para filho. A realidade é que apenas cerca de 7% dos diagnósticos têm relação direta com fatores hereditários. Ou seja, a grande maioria dos cânceres são esporádicos, decorrentes de alterações adquiridas ao longo da vida.

Isso não significa que a hereditariedade não seja relevante. Em famílias com histórico de determinados tipos de câncer, pode ser indicada uma investigação genética mais detalhada. Mas para a população em geral, fatores de estilo de vida e ambientais desempenham papel muito mais significativo.

Informação e acolhimento: dois pilares contra o estigma

Assim como Jessie J ressaltou a importância do apoio que recebeu de amigos, fãs e familiares, o Dr. Igor Morbeck lembra que informação de qualidade é parte fundamental desse processo. Ao desmistificar crenças equivocadas, pacientes e familiares conseguem tomar decisões mais conscientes, reduzir a ansiedade e enfrentar o tratamento de forma mais confiante.

O câncer ainda carrega muitos tabus, mas a combinação de ciência, acolhimento e comunicação clara é capaz de transformar essa jornada. Casos como o de Jessie J mostram que falar sobre a doença de forma aberta e transparente pode ser um poderoso ato de empoderamento e solidariedade.

O recado é claro: o câncer não é sinônimo de sentença de morte, nem deve ser tratado como um assunto proibido. Quanto mais informação correta circula, menos espaço sobra para mitos e preconceitos. O exemplo de Jessie J, aliado à experiência de especialistas como o Dr. Igor Morbeck, reforça que enfrentar o câncer exige não apenas recursos médicos, mas também empatia, apoio e a certeza de que esperança e ciência caminham juntas.